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Educação democrática para os pequenos

Se um dia eu tiver filhos, eu me mudo pra Osasco. É que fica lá uma escolinha incrível, vocês já conhecem o Grupo Oficina – Jardim de Infância? Eles estão numa chácara tombada, têm uma área verde imensa com galinha, ovelha, horta, casa na árvore e a cozinha da casa da chácara foi transformada em cozinha-sala de aula para as crianças. Vera Lúcia Midea, a idealizadora, foi coordenadora pedagógica em Ilha Solteira junto com a minha mãe, numa das escolas pioneiras na inovação da organização das atividades pedagógicas do Brasil. Seu marido, Nilson, é o professor de xadrez. Foi ele mesmo que criou o método (detalhe: todas as crianças têm entre 1 e 6 anos de idade!) e construiu um xadrez tamanho real, que elas adoram. A filha deles, Fabiana, é a diretora (ligada à antroposofia). E o filho, Rafael, veio mais recentemente somar esforços com sua experiência administrativa. Hoje foi a festa junina deles, e as crianças estavam aprendendo a vender a paçoca que elas mesmas fizeram. Nessa escola familiar, a sensação de comunidade é muito forte. O tema da festa foi “São João não quer acordar, acorda São João!”, que foi resultado de todo um processo de interação da prof. de Movimentos Corporais com as crianças. Nenhuma imposição de cima para baixo, bem como deve ser uma verdadeira educação democrática. Estou encantada com esses profissionais da educação cheios de amor e muita competência. Conheçam! É de emocionar. Ah, os pequenos têm também aula de Música e Eco-Atividades…
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Sobre como melhorar as condições dos professores no Brasil

“- O que pode efetivamente melhorar a condição de trabalho do professor?
– A sua promoção à condição de trabalhador comum. Na verdade, o professor, no Brasil, está abaixo disso. Se fosse um proletário, teria uma melhor condição de trabalho e de vida, pois trabalharia num só lugar e sua jornada seria de 44 horas semanais, e não de até 64 horas, como é permitido agora em SP. E enquanto a jornada de trabalho aumentou, o salário diminuiu. São coisas gritantes, que às vezes os próprios professores não percebem. Dentro da universidade se percebe, só que a universidade não se compromete o suficiente com as soluções da educação básica.”
Entrevista com meu pai, o Professor Celestino Alves da Silva Jr, na revista Unesp Ciência. Leiam!

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Dicionário de Paulistanês

Deixo aqui a indicação do Dicionário de Paulistanês, um site onde você pode encontrar muitos vocábulos usados na cidade e em grande parte de todo o estado de São Paulo. Além disso, o site mostra os dialetos da cidade por bairros e tem traduções para o inglês, a pronúncia correta das palavras, algumas manias dos paulistanos e a gastronomia regional.

Vale muito a pena, sobretudo para romper com a aquela velha ideia de que “paulista não tem sotaque”. Tem sim, tem usos próprios do português brasileiro também. E, sobretudo, tem uma cultura complexíssima, vinda da mistura de todas as regiões do país.

Acessem e divirtam-se no Dicionário de Paulistanês!

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Graciliano Ramos

Hoje encontrei um artigo de Zenir Campos Reis (professor de Literatura Brasileira, USP) em que as cartas pessoais de Graciliano Ramos são analisadas. Muitas apresentam interessantes relações com a prática literária do autor. Nesse trecho, Graciliano conta um pouco da sua busca pelo português brasileiro durante a escrita do romance S. Bernardo (1934):

“O S. Bernardo está pronto, mas foi escrito quase todo em Português, como você viu. Agora está sendo traduzido para brasileiro, um brasileiro encrencado, muito diferente desse que aparece nos livros da gente da cidade, um brasileiro de matuto, com uma quantidade enorme de expressões inéditas, belezas que eu mesmo nem suspeitava que existissem. Além do que eu conhecia, andei a procurar muitas locuções que vou passando para o papel. O velho Sebastião, Otávio, Chico e José Leite me servem de dicionários. O resultado é que a coisa tem períodos absolutamente incompreensíveis para a gente letrada do asfalto e dos cafés. Sendo publicada, servirá muito para a formação, ou antes para a fixação, da língua nacional. Quem sabe se daqui a trezentos anos eu não serei um clássico? Os idiotas que estudarem gramática lerão S. Bernardo, cochilando, e procurarão nos monólogos de seu Paulo Honório exemplos de boa linguagem”.

Fonte: Reis, Zenir Campos. Sinal de menos. In: Teresa revista de Literatura Brasileira. Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo – No.2 (2001) (São Paulo: Ed. 34, 2001, p.154-160).

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Uma crônica a respeito

Língua brasileira
autor: Kledir Ramil
‘Outro dia eu vinha pela rua e encontrei um mandinho, um guri desses que andam sem carpim, de bragueta aberta, soltando pandorga. Eu vinha de bici, descendo a lomba pra ir na lancheria comprar umas bergamotas…’ Se você não é gaúcho, provavelmente não entendeu nada do que eu estava contando.
No Rio Grande do Sul a gente chama tangerina de bergamota e carne moída de guisadoBidê, que a maioria usa no banheiro, é nome que nós demos para a mesinha de cabeceira, que em alguns lugares chamam de criado-mudo. E por aí vai. A privada, nós chamamos de patente. Dizem que começou com a chegada dos primeiros vasos sanitários de louça, vindos da Inglaterra, que traziam impresso ‘Patent’ número tal. E pegou.
Ir aos pés no RS é fazer cocô. Eu acho tri elegante, poético. ‘Com licença, vou aos pés e já volto’. Uma amiga carioca foi passear em Porto Alegre e precisou de um médico. A primeira coisa que ele perguntou foi: ‘Vais aos pés normalmente, minha filha?’ Ela na mesma hora levantou e começou a fazer flexão.
O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o português como língua oficial, mas cheio de dialetos diferentes. No Rio de Janeiro é ‘e aí merrmão! CB, sangue bom!’ Até eu entender que merrmão era “meu irmão” levou tempo. Pra conseguir se comunicar, além de arranhar a garganta com o ‘erre’, você precisa aprender a chiar que nem chaleira velha: ‘vai rolá umasch paradasch inschperrtasch.’.
Na cidade de São Paulo eles botam um ‘i’ a mais na frente do ‘n’: ‘ôrra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindeindo o que eu tô veindo’. E no interiorr falam um ‘erre’ todo enrolado: ‘a Ferrrnanda marrrcô a porrrteira’. Dá um nó na língua. A vantagem é que a pronúncia deles no inglês é ótima.
Em Mins, quer dizer em Minas, eles engolem letras e falam Belzonte, Nossenhora. Doidemais da conta, sô! Qualquer objeto é chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando as malas: ‘Muié, pega os trem que o bicho ta vindo’.
No Nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe é mainha, vó évóinha. E pra você conseguir falar com o acento típico da região, é só cantar a primeira sílaba de qualquer palavra numa nota mais aguda que as seguintes. As frases são sempre em escala descendente, ao contrário do sotaque gaúcho.
Mas o lugar mais interessante de todos é Florianópolis, um paraíso sobre a terra, abençoado por Nossa Senhora do Desterro. Os nativos tradicionais, conhecidos como Manezinhos da Ilha, têm o linguajar mais simpático da nossa língua brasileira. Chamam lagartixa de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca (quedeve ser lido rôschca). Carne moída é boi ralado. Se você quiser um pastel de carne, precisa pedir um envelope de boi ralado. Telefone público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a ficha de telefone é pastilha de prosa. Ovo eles chamam de semente de galinha e motel é lugar de instantinho. Dizem que isso tudo vem da colonização açoriana, inclusive a pronúncia deliciosa de algumas expressões, como ‘si quéisch quéisch, si não quéisch, disch’.
Se você estiver por lá, viajando de carro, e precisar de alguma informação sobre a estrada pra voltar pra casa, deve perguntar pela ‘Briói’, como é conhecida a BR-101.
Em Porto Alegre, uma empresa tentou lançar um serviço de entrega a domicílio de comida chinesa, o Tele China. Só que um dos significados de china no RS é prostituta. Claro que não deu certo. Imagina a confusão, um cara liga às duas da manhã, a fim de uma loira, e recebe como sugestão Frango Xadrez com Rolinho Primavera e Banana Caramelada.
Tudo isso é muito engraçado, mas às vezes dá problema sério. A primeira vez que minha mãe foi ao Rio de Janeiro, entrou numa padaria e pediu: ‘Me dá um cacete!!!. Cacete pra nós é pão francês. O padeiro caiu na risada, chamou-a num canto e tentou contornar a situação. Ela ingenuamente emendou: ‘Mas o senhor não tem pelo menos um cacetinho?
(N. do T. – mandinho é garoto, carpim é meia, bragueta é braguilha, pandorga é pipa, bici é bicicleta, lomba é ladeira, lancheria é lanchonete.)
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Viva a Jô!

Post sugerido por Laerte Centini Neto (laerteneto@hotmail.com).

Veja uma construção artística a partir do tema da discriminação das pessoas que têm um modo de falar diferente da norma “culta” (aliás, esse termo precisa urgentemente ser revisto…). O Teatro Mágico tem essa linda canção que revela as variações linguísticas existentes no Brasil e o dinamismo que nossa língua ganha com a criação de neologismos. 

Josilene Raimunda, a segunda mãe de Anitelli (vocalista), foi a inspiração. Ela é a senhora que trabalha há anos na casa da família do artista. 

Se você quiser ver a letra:

Agora assista ao vivo! Sensacional!

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MEC não terá de recolher livro polêmico

Uma liminar expedida ontem afirma que o Ministério da Educação não precisará recolher os exemplares do livro didático Por Uma Vida Melhor, distribuído a escolas públicas do País.

O pedido de recolhimento ocorreu em razão da polêmica causada pelo capítulo em que frases como “os menino pega o peixe” apareciam como tendo uso aceitável na norma popular.

Em sua decisão, o juiz Wilson Zauhy Filho, da 13ª Vara Federal Cível de São Paulo, afirma que concedeu a liminar porque foram apresentados pareceres técnicos de especialistas da educação discordando que o livro seja inadequado ao ensino de jovens, o que demonstra que a discussão é polêmica. “Não é possível afirmar de plano que a obra é inservível ao ensino”, diz.

Fonte: O Estado de S.Paulo de 23 de setembro de 2011

Expansão da Sociolinguística (transcrição)

O texto abaixo vai para aqueles que gostariam de saber um pouco mais sobre a Sociolinguística, suas buscas e seus locais de produção atualmente no Brasil.

“Além de contribuir para a descrição e explicação de fenômenos linguísticos, a sociolinguística também fornece subsídios para a área do ensino de línguas. Os sociolinguistas postulam que os dialetos das classes desfavorecidas não são inferiores, insuficientes ou corrompidos. Afirmam que esses dialetos são estruturados com base em regras gramaticais, muitas das quais diferentes das regras do dialeto padrão. Dessa forma, a sociolinguística cria nos (futuros) professores uma visão menos preconceituosa e incentiva-os a valorizar todos os dialetos e a mostrar à criança que o dialeto culto é considerado melhor socialmente, mas que estrutural e funcionalmente não é nem melhor nem pior que o dialeto da comunidade do aluno.

A sociolinguística, com suas pesquisas baseadas na produção real dos indivíduos, dá-nos informações detalhadas acerca da variante produzida pelas pessoas mais escolarizadas, sobre as variantes que deixaram de ser estigmatizadas, e das mudanças já implementadas na fala, mas que ainda não são aceitas nas gramáticas normativas. Com isso, a área da educação se enriquece com as informações que podem ser usadas também no ensino da língua culta, que passa a ser baseada em dados reais.

No que se refere ao ensino de línguas estrangeiras, as pesquisas acerca da variação podem contribuir para fornecer material para que as aulas sejam baseadas na forma como realmente os nativos falam, na preparação de material com diversos tipos de registros com as suas variações linguísticas típicas, na escolha do dialeto a ser ensinado, dentre outros elementos.

Os processos teórico-metodológicos da sociolinguística são trabalhados em diversos centros de pesquisa no mundo. No brasil, as pesquisas nessa linha começaram a ser desenvolvidas na década de 1970, através da atuação de alguns grupos de pesquisadores, a saber: o grupo do projeto Mobral Central, o grupo do projeto da Norma Urbana Oral Culta do Rio de Janeiro (Nurc) e o do projeto Censo da Variação Linguística no Estado do Rio de Janeiro (Censo), tendo como coordenadores os professores Miriam Lemle, Celso Cunha e Anthony Naro, respectivamente. A partir daquela década, muitos trabalhos foram realizados nessa linha.

Hoje, em várias universidades brasileiras, há grupos que seguem os pressupostos teórico-metodológicos da sociolinguística, como o Programa de Estudos sobre o Uso da Línha (Peul), continuidade do Projeto Censo, o próprio Nurc – na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); o projeto de Variação Linguística da Região Sul do Brasil (Varsul) – na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Diversas teses foram defendidas com o objetivo de descrever as formas variantes do português do Brasil e de explicar os fatores  linguísticos e extralinguísticos que favorecem/desfavorecem as variantes linguísticas.

Muitos projetos buscam novas alternativas para explicar a variação e a mudança, a partir de outras áreas da linguística como o funcionalismo. Por outro lado, há grupos funcionalistas que aproveitam o aparato teórico-metodológico da sociolinguística para preparar o corpus e para coletar e analisar os dados, como é o caso do projeto Discurso & Gramática, iniciado pelo professor Sebastião Votre na UFRJ e que hoje conta com representantes em diversas universidade do Brasil”.

(Maria Maura Cezario & Sebastião Votre. Sociolinguística. In: Mário Eduardo Martelotta (org.) Manual de Linguística. São Paulo: Contexto,2008).

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Variação linguística digital

Facebook: Gaúchos mudam nome 

 

do botão ‘Curtir’ para ‘Afudê’

 

  • 23 de julho de 2011|

Por Rodrigo Martins

Nada menos do que 23 mil pessoas já modificaram seus Facebooks para exaltar o “gauchismo” em apenas um dia. O Bairrista, famoso por postar notícias engrandecendo o Rio Grande do Sul, lançou nesta sexta-feira uma brincadeira na web: uma extensão que transforma os botões “Curtir” e “Cutucar” em “Afudê” e “Inticar”, expressões usadas regionalmente.

“Como deveria ser desde o início”, brinca Jr. Maicá, o responsável pelo site, em entrevista ao Terra. “O objetivo é permitir que os gaúchos tenham um Facebook do qual eles se orgulhem. Chega de estrangeirismos, queremos um Facebook Gaudério, um Facebook Bagual, um Facebook Bairrista.”

Para baixar a extensão, que funciona em Chrome e Firefox, é só clicar aqui.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/rodrigo-martins/2011/07/23/facebook-gauchos-mudam-nome-do-botao-curtir-para-afude/

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Manuel Bandeira

 

Evocação do Recife

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
– Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!

A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão

(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão…)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.

Rua da União…
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade…
…onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora…
…onde se ia pescar escondido
Capiberibe
– Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras

Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
– Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo…
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife…
Rua da União…
A casa de meu avô…
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife…
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.

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